Como esta tarde tão fria d’Inverno bem define a saudade que em mim vive da solidão das palavras angolanas, das paredes quentes das casas brancas, da vastidão do espaço e de toda a imensidade que rodeia a selva mágica da terra onde nasci! A inebriante música de murmúrios que me chega, como espanejar d’asas de brancas pombas, é definitivamente a minha sanidade incontida...
A tristeza diluída na conduta do entardecer é o corolário de “tudo” o que me fugiu!... A lembrança d’outras tardes quentes, é o somatório das memorias que ficaram para trás...
O silêncio eloquente das ruas desertas, que me soa a insuportável azáfama, oprime-me o coração... o falar dos recantos sombrios e o acenar dos horizontes longínquos abafam-me a alma torturada...
A saudade da minha terra desaba estridentemente sobre mim! Procuro a custo, libertar-me destas concepções metafísicas. Mas a minha saudade perdura nesta tarde chuvosa e fria!
Naquele tempo distante, lá longe, estávamos rodeados de calor, escoltados por sentinelas de brasas luminosas e confidentes.
Hoje, aqui, sem chama e sem brasas, o Inverno – tempo já se casou com Inverno – a vida.